O HOLOCAUSTO BRASILEIRO

Ah... Meu pessimismo e ateísmo estavam, vamos dizer, arrefecidos... Coube à "cordialidade" do brasileiro acordá-los. Barbacena nunca mais!

Leituras que fortalecerão o nosso pessimismo.

  • "As Intermitências da Morte" de Saramago
  • "Os Ratos" de Dyonélio Machado

26.8.06

A derrama e o IPTU de Marília - SP - final


O caldo ácido derramado sobre as nossas cabeças em 1999 nos leva à cidade de Vila Rica, na capitania de Minas Gerais, no século XVIII. Ali começava o Brasil. Talvez tenhamos que reinventar o Brasil a partir do nosso grito por menos impostos.

"A cada ação corresponde uma reação. A explicação vem da física, mas pode ser aplicada aos movimentos sociais. Em Vila Rica não foi diferente. Mesmo com a devassa a derrama teve que ser suspensa. Apesar disso nasceria ali um movimento que vislumbraria a libertação do Brasil do jugo português e suas forças imperialistas.
Tanto lá, no remoto século dezoito, onde Tiradentes foi enforcado e esquartejado, onde outros inconfidentes foram degredados, ou cometeram suicídio ou foram assassinados, por conspirarem pela mudança de uma situação que levava a província à miséria, como cá, parece-me que nada mudou - somente os métodos e os nomes.
Somos governados de cima pra baixo, oligarquicamente, como um medonho cometa que invade nosso espaço. Em seu rastro de fogo sucumbimos todos. Sangramos até a morte quando nossas economias são atacadas por sinistras siglas: IPI, ICMS, IPVA, CPMF, IOF, IRPF, IRPJ, CONFINS, INSS, FGTS, ISS, IPTU.
Não se deve esquecer que o bem-estar do povo é ponto de partida e ponto de chegada para a tomada de qualquer atitude pelos políticos.
Sr. Prefeito, diferentemente do ocorrido em 21 de abril de 1792, quando Tiradentes foi enforcado e esquartejado, seus bens confiscados, sua residência destruída, o terreno salgado para que ali nada nascesse e sua família execrada para sempre pela coroa portuguesa, hoje, ainda que de forma incipiente, temos meios para expressar nossa consciência libertária. Nossa indignação pelo que ocorre nos porões da política, dando-nos a possiblidade de expressão, de informação e de crítica.
Incito a todos os cidadãos para levantarem uma bandeira simbólica gigantesca de patriotismo, onde vislumbre o lema dos inconfidentes "libertas quae sera tamen" (liberdade ainda que tardia). Bandeira que paire sobre toda a cidade para que cada cidadão mariliense seja capaz de analisar, questionar, criticar e cobrar de seus representantes na câmara municipal, a qualquer momento, que seus direitos sejam respeitados. E principalmente quando puderem mudar a cena através da urna, votando conscientemente.
Suicídios, jamais. Humilhações, jamais. Torturas, jamais. Profissionais da política, jamais.
Srs. cidadãos, juntemos nossas forças com objetivo de mudar a realidade para que poetas, como Bandeira, não façam versos como os que seguem:
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa
Não examinava, nem cheirava:
Engolia com verocidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Rio, 27 de dezembro de 1947."

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