O HOLOCAUSTO BRASILEIRO

Ah... Meu pessimismo e ateísmo estavam, vamos dizer, arrefecidos... Coube à "cordialidade" do brasileiro acordá-los. Barbacena nunca mais!

Leituras que fortalecerão o nosso pessimismo.

  • "As Intermitências da Morte" de Saramago
  • "Os Ratos" de Dyonélio Machado

18.8.17

CHEGA DE DEMAGOGIA: O MAL DEVIA TER SIDO CORTADO PELA RAIZ, NÃO AO GOVERNO TEMER, O CORRUPTO.


10.8.17

Little Boy em Hiroshima; Fat Man em Nagasaki.

FAT MAN: COMO UM HOMEM GORDO FEZ DESAPARECER 40.000 PESSOAS EM UM ÁTIMO DE TEMPO.



29.5.17

O nascimento de deus como uma grande idéia de negócio na história humana.

     "Os agricultores acreditavam em histórias sobre deuses grandiosos. Eles erigiam templos ao deus de sua preferência, organizavam festivais em sua homenagem, ofereciam-lhe sacrifícios e davam-lhe terras, dízimos e presentes. Nas primeiras cidades da antiga Suméria, cerca de 6 mil anos atrás, os templos não eram apenas locais de culto; eram também os mais importantes centros políticos e econômicos. Os deuses sumérios preenchiam uma função análoga à das modernas marcas e corporações. Hoje, corporações são entidades ficcionais legais que possuem propriedades, emprestam dinheiro, contratam empregados e lançam empreendimentos econômicos. Nas antigas cidades de Uruk, Lagash e Shurupak, os deuses faziam as vezes de entidades legais que podiam ser proprietárias de campos e escravos, dar e receber empréstimos, pagar salários e construir represas e canais.
      Como deuses nunca morrem, e como não têm filhos para disputar sua herança, eles acumularam cada vez mais propriedades e poder. Um número crescente de sumérios viu-se trabalhando para os deuses, tomando empréstimos junto a eles, cultivando suas terras e devendo-lhes impostos e dízimos. Assim como na San Francisco de hoje João é empregado da Google, enquanto Maria trabalha para a Microsoft, na antiga Uruk uma pessoa era empregada pelo grande deus Enki, ao passo que sua vizinha trabalhava para a deusa Inana. Os templos de Enki e de Inana dominavam a linha de horizontes de Uruk, e seus logotipos divinos eram a marca de prédios, produtos e roupas. Para os sumérios, Enki e Inana eram tão reais quanto o Google e a Microsoft são reais para nós. Comparados a seus antecessores - os fantasmas e espíritos da Idade da Pedra -, os deuses sumérios eram entidades muito poderosas.
    Nem é preciso dizer que os deuses efetivamente não conduziam seus negócios, pela simples razão de que não existiam exceto na imaginação humana. As atividades cotidianas eram administradas pelos sacerdotes do templo (assim como o Google e a Microsoft têm de contratar humanos de carne e osso para gerenciar seus negócios). Contudo, à medida que os deuses adquiriam mais propriedades e mais poder, os sacerdotes já não eram mais capazes de dar conta. Ainda que representassem o poderoso deus do céu ou a onisciente deusa da terra, eles mesmos eram mortais falíveis. Era difícil lembra quais eram as propriedades, pomares e campos que pertenciam à deusa Inana, quais dos empregados já tinham recebido seus salários, quais inquilinos deixaram de pagar o aluguel e que taxas de juros a deusa cobrava de seus devedores. Esse foi um dos principais motivos pelos quais na Suméria, como em qualquer outra parte do mundo, as redes de cooperação humana não puderam se expandir significativamente, mesmo milhares de anos após a Revolução Agrícola. Não havia reinos enormes, nem extensas redes de comércio, nem religiões universais.
    Esse obstáculo foi afinal removido há aproximadamente 5 mil anos, quando os sumérios inventaram a escrita e também o dinheiro. Esses irmãos siameses - nascidos dos mesmos pais, ao mesmo tempo e no mesmo lugar - acabaram com as limitações de processamento do cérebro humano. A escrita e o dinheiro possibilitaram que se começasse a coletar impostos de centenas de milhares de pessoas, a organizar burocracias complexas e a estabelecer amplos impérios. Na Suméria, esses reinos eram administrados em nome dos deuses por sacerdotes-reis humanos. No vizinho vale do Nilo deu-se um passo à frente, com a fusão do sacerdote-rei com o deus e a criação de uma deidade viva - o faraó."

Homo Deus - Uma breve história do amanhã, de Yuval Noah Harari, pag. 165/166, Companhia das Letras, 1a. edição, 2016.

14.2.17

BRASIL-COLÔNIA, 1942, 1976, 2017: A FORMAÇÃO DO BRASIL QUE NUNCA TERMINA.


          O trecho abaixo foi extraído das páginas números 285 e 286, 14a. edição, Editora Brasiliense, 1976, do livro Formação do Brasil Contemporâneo, escrito por Caio Prado Júnior, em 1942. 
          Caio Prado revela um Brasil que não consegue desconectar-se de seu passado colonial e segue a sua evolução por "arrancos" em que cada passo avante há que retroceder outros dois, deixando rastros de destruição do que foi construído com o suor de seus habitantes. Foi assim um retrato do Brasil-colônia; foi assim um retrato da época em que o livro foi escrito, 1946, com Vargas; foi assim com a época em que este exemplar foi impresso, 1976, com a ditadura militar e finalmente é assim com o que vivemos hoje, 2017, com Temer. Qualquer momento histórico que visualizemos, os "arrancos" de que fala Caio Prado ali estará presente.
         Somos ainda uma colônia, colônia de nós mesmos.

    "Um último fator, finalmente, traz a sua contribuição, e contribuição apreciável de resíduos sociais inaproveitáveis. É a instabilidade que caracteriza a economia e a produção brasileira e não lhes permite nunca assentarem-se sólida e permanentemente em bases seguras. Em capítulo anterior já assinalei esta evolução por arrancos, por ciclos em que se alternam, no tempo e no espaço, prosperidade e ruína, e que resume a história econômica do Brasil-colônia. As repercussões sociais de uma tal história foram nefastas: em cada fase descendente, desfaz-se um pedaço da estrutura colonial, desagrega-se a parte da sociedade atingida pela crise. Um número mais ou menos avultado de indivíduos inutiliza-se, perde suas raízes e base vital de subsistência. Passará então a vegetar à margem da ordem social. Em nenhuma época e lugar isto se torna mais catastrófico e atinge mais profunda e extensamente a colônia, que no momento preciso em que abordamos a nossa história, e nos distritos da mineração. Vamos encontrar aí um número considerável destes indivíduos desamparados, evidentemente deslocados, para quem não existe o dia de amanhã, sem ocupação normal fixa e decendente remuneradora; ou desocupados inteiramente, alternando o recurso à caridade com o crime. O vadio na sua expressão mais pura. Os distritos auríferos de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso oferecem tal espetáculo em proporções alarmantes que assustarão todos os contemporâneos. Uma boa parte da população destas capitanias estava nestas condições, e o futuro não pressagiava nada de menos sombrio."