O HOLOCAUSTO BRASILEIRO

Ah... Meu pessimismo e ateísmo estavam, vamos dizer, arrefecidos... Coube à "cordialidade" do brasileiro acordá-los. Barbacena nunca mais!

Leituras que fortalecerão o nosso pessimismo.

  • "As Intermitências da Morte" de Saramago
  • "Os Ratos" de Dyonélio Machado

9.8.10

Não me esqueci de Hiroshima e Nagasaki


Os sobreviventes do inferno de Hiroshima e Nagasaki
HIROSHIMA, Japão — Três dias após o lançamento de uma bomba americana sobre Hiroshima, a pequena Kazuko Uragashira, de 6 anos, e sua família fugiram, num trem, da fornalha em que se transformou a cidade arrasada na manhã de 6 de agosto de 1945.
Conseguindo milagrosamente sobreviver ao inferno nuclear, a família queria encontrar abrigo na casa de um tio situada em Nagasaki. Ignorava, então, que um novo encontro com o destino a esperava.
Kazuko lembra-se de estar sentada num banco do trem, as pernas queimadas pelo sopro radioativo, quando a composição parou de repente num túnel na entrada de Nagasaki.
Era um pouco mais de 11H00 deste 9 de agosto: a segunda bomba atômica da história acabava de ser largada pelo exército americano sobre Nagasaki. "Era o inferno de novo", conta a sra. Uragashira, 65 anos depois.
Enquanto o comboio abria caminho penosamente através da carnificina, a menina descobria sobreviventes, com a pele queimada soltando-se em pedaços dos corpos mutilados. "Lembro-me ainda do odor da carne queimada e dos gritos dos moribundos pedindo água... não esquecerei jamais".
A sra. Uragashira, que mora hoje numa ilha ao largo de Nagasaki, faz parte dos raros "niju hibakusha" ainda vivos, sobreviventes do inferno causado pelos dois bombardeios atômicos da Segunda Guerra Mundial.
"Tive essa chance, porque muitos outros morreram instantâneamente. Mas gostaria de entender o por quê de uma coisa tão horrível ter-me acontecido duas vezes."
Cerca de 140.000 pessoas morreram em Hiroshima, no momento mesmo da explosão, ou das consequências das queimaduras e da radiação, e mais de 70.000 em Nagasaki.
Estima-se em cerca de 150 o número de pessoas que, como a sra. Uragashira foram expostas a duas deflagrações.
O cineasta Hidetaka Inazuka registrou os depoimentos desses "niju hibakusha", de 75 anos, em média, para guardar essa parte de sua memória.
No momento em que muitos americanos continuam a pensar que as bombas atômicas eram necessárias para acelerar o fim da guerra, Inazuka, como numerosos japoneses, estima que esses ataques foram injustificados, porque o Japão estava prestes a capitular.
"Hiroshima foi totalmente destruída, o que teria sido mais do que suficiente", comenta. "Devemos examinar com cuidado os motivos pelos quais foram lançadas em duas cidades."
Muitos "hibakusha" - sobreviventes de um ataque atômico - ficaram muito tempo em silêncio, temendo por eles mesmos e seus descendentes de serem alvo de discriminação, mas começam, hoje, a contar suas lembranças dolorosas.
"Nunca disse que era uma +hibakusha+ porque pensava que ninguém quereria me esposar", conta Misako Katani, 80 anos, que sobreviveu aos dois bombardeios.
"Havia cadáveres espalhados por toda a cidade", conta ela sobre Hiroshima. "Alguns estavam sem a pele, com os ossos à mostra, e outros inchados pela chuva negra."
Ela se lembra também de sua irmã de 14 anos, que teve o corpo como que xerocado na parede da casa familiar, onde também jaziam os restos de sua mãe.
A sra. Katani encarregou seu pai de transportar as cinzas ao túmulo da família em Nagasaki. A segunda deflagração deixou-a em coma durante três dias, fazendo-a perder todos os cabelos.
"As bombas atômicas destruíram minha vida", conta ela.
Os Estados Unidos nunca pediram desculpas ao Japão por essas vítimas inocentes.


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