O HOLOCAUSTO BRASILEIRO

Ah... Meu pessimismo e ateísmo estavam, vamos dizer, arrefecidos... Coube à "cordialidade" do brasileiro acordá-los. Barbacena nunca mais!

Leituras que fortalecerão o nosso pessimismo.

  • "As Intermitências da Morte" de Saramago
  • "Os Ratos" de Dyonélio Machado

10.5.09

Reminiscências.

Naquela tarde passada, o campinho se enchia de moleques. Moleques negros, moleques brancos, moleques sujos e limpos, felizes sempre, alegres sempre. Um sol forte sempre batendo na nossa cara, nos nossos olhares, nos nossos olhos, nas nossas bocas, nas nossa almas. E a pelada se iniciava com a escolha dos times. Os capitães procuravam escolher as melhores peças para enriquecer os seus times. Nenê, Ricardo, Dorival, Bebeto iam desfilando as suas bocas, os seus corpos e a organização ia tomando conta e acalmava aos poucos aquela balbúrdia inicial, aquela algazarra alegre. Formados os times, começava a pelada.
Naquela tarde, como sempre, me colocaram no gol e por uma dessas ocorrências da vida, o meu time saiu vencedor e eu fui destacado o herói da partida. Foi quando Nenê, jagando no time adversário, terminada a partida, me pega pelo braço e subitamente me agride com um tapa seco no rosto.
Terminava ali uma amizade de bons anos e no olhar do agressor eu sentia um ódio tão grande que não me agredia simplesmente, mas me paralizava os sentidos dando a impressão de me matar aos poucos. Completamente atordoado ante a inesperada situação nada fiz, senão aceitá-la e ser socorrido prontamente pela turminha.
De resto, nada mais aconteceu e quando a noite abriu seu leque negro sobre nossas vidas, eu já me encontrava em casa, quase que esquecido do incidente, não fosse a recordação daquele olhar de Nenê. Ainda hoje sinto um calafrio que vem de dentro e explode em minha mente quando aqueles dois olhos grandes e brilhantes me fitam como se estivessem à minha frente. O motivo, nunca consegui descobri-lo. Talvez consiga esclarecer repensando e vasculhando nas memórias de minha infância, que no geral transcorreu calma e alegre, com aquelas tardes ofuscantes de futebol, tardes de gramas espinhentas e pés descalços.

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