O HOLOCAUSTO BRASILEIRO

Ah... Meu pessimismo e ateísmo estavam, vamos dizer, arrefecidos... Coube à "cordialidade" do brasileiro acordá-los. Barbacena nunca mais!

Leituras que fortalecerão o nosso pessimismo.

  • "As Intermitências da Morte" de Saramago
  • "Os Ratos" de Dyonélio Machado

6.6.07

Mãe


Tudo é muito grande
Prá meu olhar pequeno.

O verde das montanhas
Ao longe...
Desce pelos vales,
Vence o riacho,
E morre ao pé das poucas ruas do vilarejo,
Soberano no espigão.

As casas insinuam-se ao sabor do relevo:
Como uma frágil cerca de balaustres
Envolvem a igreja,

Que, enraizada na terra escura,
Ergue-se impassivelmente vigorosa.
(Olho de Deus a me fitar ameaçadoramente)

Um dos balaustres
É minha casa.

Não, não estou triste.
Mas estamos todos tristes.

O pai enleva-se aos prantos:
Eduardo estendido inerte
Naquele caixão pequeno
Sobre a grande mesa
Naquela imensa sala.

- Olha filho, seu irmão está morto.

Pai, seu sentimento é o meu, nada mais.

Mãe, não a vi chorar, mãe!

A Natália, sim.
O pai, sim.
O tio, sim.
A vila toda, sim.
Talvez, o austero Deus também.

Eu, com meu olhar pequeno,
Como a mãe, não chorei.